Encontro com o Matt Mullenweg no Latinoware 2008

Num bate-papo com o Zé Fontainhas da Comunidade Portuguesa de WordPress, no final de setembro, fiquei sabendo em primeira-mão (ou quase), que o Matt viria ao Brasil para participar do Latinoware 2008. Além dessa boa notícia, o Zé me disse que o Matt gostaria de aproveitar a oportunidade para encontrar usuários brasileiros de WordPress para um bate-papo informal, e me perguntou se eu poderia ajudar a assistente dele, a Maya, a organizar a coisa por aqui, convidando as pessoas e marcando hora e lugar. É claro que disse sim!

Imediatamente o Zé me colocou em contato com a Maya e comecei a convidar as pessoas. Fui informada por ela que o encontro não deveria ter muitos convidados, cerca de vinte e cinco pessoas no máximo. Logo de cara o Frank Alcântara, um dos organizadores do Latinoware, me ofereceu uma sala de reuniões para que o encontro acontecesse dentro do evento. Depois de ponderar os prós e contras, resolvi aceitar, pois tornaria a coisa mais fácil, já que, até então, os únicos convidados que deram certeza absoluta de participar, também iriam para a Latinoware. Convidei mais de sessenta pessoas diretamente, muitos gostariam de ir mas não podiam, principalmente em função dos gastos envolvidos e da distância. Mas no final, ajudada pelo Guilherme Aguiar do Xemelê, o Augusto Campos do BR-Linux e o Rodrigo Ghedin do pBlog, chegamos a uma lista de dezoito convidados confirmados.

E enfim chegou o grande dia, sábado, 1º de novembro, que amanheceu ensolarado e quente. Combinei com o Rodrigo Ghedin que assim que ele chegasse a Foz, me ligasse para nos encontrarmos e irmos juntos. Nos encontramos no hotel Del Rey onde estava hospedada e tomamos um café, aproveitando para nos conhecer pessoalmente. Queríamos assistir à palestra dos amigos do Xemelê marcada para as nove horas, mas por um desencontro de caronas, acabamos pegando só o finzinho. Mas já fomos apresentados ao Matt, que estava por lá, assistindo, ou melhor dizendo, de corpo presente, pois não entendeu muita coisa.

Acabada a palestra do Xemelê, fomos para uma sala, onde o Murilo e o Guilherme tentaram apresentar seus plugins e explicar pro Matt o trabalho que estão desenvolvendo no Ministério da Cultura. Além disso nesse primeiro bate-papo, o Matt nos apresentou o WordPress 2.7 beta, todo orgulhoso e contente. Foi muito bacana ver as novas features apresentadas pelo próprio criador da ferramenta exclusivamente para nós.

Em seguida fomos assisti-lo falar sobre High Performance WordPress, no mesmo auditório onde momentos antes o John Maddog Hall deu sua concorridíssima palestra. O auditório não estava tão cheio quanto antes, mas havia um público considerável. O Matt deu uma palestra interessante de quase meia hora e apesar de não ter grande talento como orador (às vezes fala muito rápido e para dentro), manteve o interesse do público presente e no final respondeu todos os tipos de perguntas. Um bom relato dessa palestra pode ser encontrado no site do Silvio Henrique Mendes presente na palestra. O Rodrigo Ghedin filmou tudo e em breve irá publicar os vídeos, que pretendo transcrever, traduzir e publicar aqui no blog do WordPress Brasil.

Após a palestra, o Matt voltou para seu hotel para descansar e depois visitou a usina de Itaipu. Enquanto isso, nós, do grupo de convidados para o encontro (Murilo e Guilherme, Daniel Pádua do EBC, Eduardo e Felipe da Ethymos, Rodrigo Ghedin e eu), almoçamos no quilo do PTI e fomos esperar a hora do encontro no local de exposições. Lá tomamos posse de um estande vazio e trocamos idéias sobre WordPress, aproveitando o ar condicionado e a infra-estrutura local.

Às quatro horas os meninos foram assistir à palestra do Luli Radfahrer, enquanto eu e o Rodrigo fomos tomar algumas providências para o encontro, como achar as camisetas e buttons que a Maya havia ficado de nos mandar, mas que infelizmente até hoje não chegaram. Uma pena, mas pelo menos o Matt estava com alguns adesivinhos que ele distribuiu entre os presentes.

Chegada a hora, tivemos que aguardar que a reunião anterior fosse encerrada, algo que demorou um pouco para acontecer, me deixando um pouco ansiosa. Mas enfim, a reunião encerrou-se e pudemos entrar na sala que estava organizada como uma sala de aulas. Eu já fui logo organizando uma roda para deixar a coisa mais livre, e fiquei contente que o Matt também começou a ajudar arrumar as cadeiras, demonstrando sua disposição para que o encontro fosse o mais informal possível.

Algumas pessoas não compareceram no final, mas apareceram outras de última hora que acabaram enriquecendo o encontro. Quem não compareceu, perdeu um bate-papo muito bacana, rico e produtivo, com perguntas super pertinentes, que durou quase duas horas, sem que ficasse entediante e com o interesse constante. O perfil dos convidados foi até que diversificado, com desenvolvedores, blogueiros e até alguns não-usuários.

Primeiro nos apresentamos, em seguida o Matt falou um pouco sobre a história do WordPress e iniciamos as perguntas. Eu me esforcei para servir como intérprete, mas a tarefa é bem ingrata, exigindo muito mais concentração e atenção que a minha mente naturalmente distraída pode oferecer. Graças a Deus, o pessoal que falava inglês me deu uma força, principalmente o Murilo, a quem não me canso de agradecer, com bastante desenvoltura e segurança.

Entre os vários assuntos falados, a resposta mais bacana realmente, foi a que o Matt deu para a pergunta do Murilo, à respeito de como ele, um ícone do movimento do Software Livre, se mantém por tanto tempo fiel aos seus princípios. Ele disse que o dinheiro não é tudo e que a gente não leva com a gente quando partimos daqui. Disse também que a Automattic, sua empresa, poderia estar fazendo muito mais dinheiro, cobrando pelo WordPress, mas que logo esse crescimento iria parar. Enquanto que como software livre, o crescimento é constante, e que cada dólar que ele deixa de ganhar agora, ele encara como um investimento no futuro.

O Matt também falou sobre a Automattic, que funciona virtualmente à distância, cada pessoa trabalha de um lugar diferente no mundo. Ele disse que se ele restringisse seu grupo de profissionais aos americanos, estaria deixando cerca de 99,99% das pessoas talentosas de lado. Contou que acabaram de inaugurar o primeiro escritório físico em São Francisco. Falamos de vários outros assuntos, inclusive sobre o sonhado WordCamp Brasil, ao qual ele pretende comparecer. Também foram gravados vídeos que pretendo transcrever, traduzir e publicar aqui. As fotos, vou publicar aos poucos. As minhas ainda estão em Foz, pois na confusão esqueci minha máquina por lá. O Rodrigo publicou as dele no flickr. Ele também publicou seus relatos do encontro no pBlog e no WinAjuda. Assim que for publicando, vou acrescentando links aqui no blog.

Conclusão – o Matt é um cara muito bacana, paciente, inteligente e acessível. A princípio fiquei meio receosa, pois nas entrevistas que vi ou ouvi por aí ele se mantém um tanto monossilábico, mas com a gente ele não poderia ter sido mais gentil. Depois, quando comentei isso com ele, ele confessou que geralmente é assim mais seco mesmo nas entrevistas mais formais. Ele passa uma imagem surpreendentemente profissional e madura, embora em alguns momentos que estive com ele, a sua pouca idade (vinte e quatro anos) tenha transparecido claramente. Como quando conversamos sobre música (disse que gosta de Bossa Nova), sobre seus planos de novo design para seu blog ou sobre a última versão do WordPress, os olhinhos brilharam e ficou com cara de menino, o que na verdade ele ainda é.